Nunca antes tantos brasileiros investiram na Bolsa – e não é só jeito de falar. A B3, Bolsa de Valores brasileira, bateu o recorde de 3 milhões de investidores em setembro de 2020, o dobro em relação ao fim de 2019. Isso significa todo um universo de novos investidores no mercado.

Mas por que tanta gente nova?

Existem algumas hipóteses para esse movimento. A principal delas é a diminuição das taxas de juros no Brasil que vem acontecendo nos últimos anos. Pessoas que costumavam deixar seu dinheiro em aplicações de baixo risco foram vendo sua rentabilidade cair progressivamente e se voltaram à Bolsa para tentar retornos melhores.

Isso, por si só, não é necessariamente um problema. Investir na Bolsa pode significar um rendimento melhor e multiplicação mais rápida do patrimônio.

Mas também é muito fácil para novos investidores (ou até os mais experientes) tomarem más decisões em um mercado com riscos maiores.

Quem começa a se aventurar neste universo precisa ser cauteloso e estar atento para não acabar perdendo seu dinheiro.

A queda da Selic e a explosão de investidores na Bolsa

A Selic é a taxa de juros básica da economia: sua meta, que é determinada pelo Banco Central, serve como referência para diversas outras e interfere em uma série de aspectos da economia – entre eles, a rentabilidade de aplicações em renda fixa.

Renda fixa, como sugere o nome, é um tipo de investimento com retorno fixo. Na maioria das vezes, os rendimentos desse tipo de aplicação são atrelados a algum índice – como a própria Selic, o IPCA ou o CDI. Eles são considerados investimentos de baixo risco e, via de regra, têm proteção do FGC.

A poupança é outro exemplo: seu rendimento é de 70% da Selic, mais a taxa referencial (que, atualmente, é zero). Hoje, ela perde até para a inflação – ou seja, dinheiro parado na poupança desvaloriza.

Ou seja, uma taxa Selic alta representa retornos igualmente altos nestes investimentos. Quando ela cai, por outro lado, o rendimento também despenca.

E a Selic caiu muito nos últimos anos: após fechar 2016 em 13,2%, foi diminuindo ano a ano e finalizou 2019 em 5,8%. Atualmente, a meta de 2020 é 2%.

Em outras palavras: deixando descontos e impostos de lado, se você colocasse R$1.000 em um investimento com rendimento de 100% da Selic no início de 2016, teria R$1.132 ao final do ano. Se fizesse o mesmo investimento em 2019, teria R$1.058.

O resultado dessa situação foi um crescimento exponencial de investidores na B3. Conforme a Selic foi caindo, as pessoas saíram em busca de retornos melhores.

Cerca de 40% dos investidores brasileiros entraram no mercado de capitais nos últimos cinco anos – 25% nos últimos dois anos, segundo um estudo de outubro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

De acordo com a B3, ainda, os pequenos investidores aumentaram sua presença em mais de 10 pontos percentuais desde 2011: em março de 2020, 54% dos investidores na Bolsa tinham uma carteira com até R$10.000. Hoje, quase metade das pessoas físicas com conta na B3 estão na faixa dos 25 a 39 anos.

Riscos e vantagens para novos investidores

A Bolsa de Valores é o mercado onde são negociados ações, moedas estrangeiras, juros futuros e uma série de outros investimentos em renda variável – aqueles em que não há uma garantia de rentabilidade.

Por serem mais arriscados, eles tendem a ser mais lucrativos – quando tudo dá certo, é claro.

Mas o grande risco para investidores pouco experientes é prestar mais atenção à promessa de lucro do que à possibilidade de prejuízo.

No início da pandemia do novo coronavírus, a Bolsa de Valores brasileira teve quedas drásticas. Naquele momento, a internet se inundou com supostos especialistas dizendo que aquele era o momento certo de investir – um “saldão” da Bolsa, que só tenderia a subir.

Acontece que o mercado é incerto, as circunstâncias podem mudar da noite para o dia e quem não tem experiência como investidor não deve nunca cair em dicas que prometem soluções fáceis – se fosse fácil de verdade, todo mundo ganharia.

Segundo a B3, novos investidores costumam cometer três erros comuns:

  • Comprar ações de uma empresa antes de pesquisar sobre ela;
  • Avaliar uma ação considerando apenas seu preço inicial;
  • Deixar-se levar pela opinião de quem não é especialista.

Veja dicas de como evitar essas ciladas.

Investir na Bolsa pode ser uma grande oportunidade – se isso for feito com responsabilidade, orientação e de forma gradual, aprendendo aos poucos. Quando o assunto é dinheiro, quanto menos a gente tem, mais tem a perder.

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